domingo, 7 de outubro de 2012



 

riacho tranqüilo -
esta pedra poderia ser
o assento de Buda

***

aroma da tarde
vem da flor de laranjeira
que não posso ver

***

aberta a sombrinha
agora não se vê mais
a flor de magnólia

***

noite de trovões -
velas e ladainhas
nas casas da vila

***

mais alto que o vento -
no peitoril da janela
canto do canário 







sábado, 8 de setembro de 2012




sono interrompido -
no meio da madrugada
trina o sabiá


***


antes da aurora
do alto do campanário
voam as andorinhas


***

 manhã tediosa
mas na calçada da frente
retorno dos canários
 

***


 sopra o vento sul –
 retorna com palha seca
 pitanga – guassu*

 *denominação dada pelos índios tupis-guaranis ao bem-te-vi
 


 ***


 tremula sem vento
 a quaresmeira à tardinha -
 abrigo de pássaros



 ***


 partitura em branco -
 acabou-se a cantoria
 nos fios de luz 



domingo, 12 de agosto de 2012




canta o sabiá
mas só vejo a lua crescente
na aurora tardia

sabe quanto é longa a noite
passada a sós e sonhando?


***

nesta praia erma
nem a garça se permite
deixar pegadas

pergunte ao poeta
de onde tanta solidão


***


retornam mais cedo
aos trapiches da barra
os barcos pesqueiros

nuvens são apenas nuvens
para um coração tranqüilo


*** 


neblina de inverno -
somente a linha de espuma
reflete esta tarde

sem limites no horizonte
meu olhar segue além


***




sábado, 4 de agosto de 2012






mais alto agora
o vôo do pássaro -
sem a densa névoa


***

voa o bem-te-vi
baixo e persistente -
como a neblina


***


do mar o rugido
e a garça paralisada -
neblina de inverno


***

parecem mais altos
os prédios da cidade -
tarde enevoada


***


brejo


sexta-feira, 13 de julho de 2012




atento ao portão 
aguarda companhia 
o cachorro fiel 

*** 

noite de insônia - 
descubro um camundongo 
inquieto como eu 

***

tempo de estio - 
no bebedouro do cão 
o sapo aliviado 

*** 

gatos no telhado - 
concertos de madrugada 
sem dó de mim 

*** 

passeio noturno - 
o canto do grilo leva 
a todos os cômodos